Em setembro, na Feira do Poeta (24/09/23 - 10h) e na Biblioteca Pública do Paraná (29/09/23 - 18h), em Curitiba, as autoras Sonia Cardoso e Susan Blum participam de um bate-papo para apresentar seus recentes livros, que estarão disponíveis para aquisição e que também podem ser encomendados pela loja da editora.
Sobre os livros
Vizinho musgo, livro de poemas, é a segunda obra individual de Sonia Cardoso, e, como diz Aglaé Gil, revisora e orelhista: "Há qualquer qualquer coisa de belle époque, pois parece ser mergulhado suavemente no absinto para ressurgir em seguida, à atual reviravolta das humanidades. Sonia Cardoso faz esse passeio sem parar por muito tempo em uma esquina ou outra e segue, com letras sempre mergulhadas no absinto da poesia, até quando, com ou sem rimas, a expõe, plena, principalmente quando se refere à fé na vida como o que é: UMA ESTRANHA MANIA.
A linguagem é fluida e colhe da natureza figurações perfeitas. Em cada poema, há acenos. Há um pouco de ADEUS, há haicai; há o que é DUPLO e uno, em pinceladas algo trêmulas de ideias firmes. Há também questões fundas, como a de HORAS, em que faz leve referência a Pessoa.
Com precisão, a poeta descreve o espanto que é um pouco de todos nós diante do poder transformador da pandemia, em NOITE. E nos faz parar, ali, por um momento a mais para res-pi-rar. A realidade às vezes pesa e há uma lágrima de Sonia Cardoso quando expõe o peso em seu coração, em ENGANOSA. Contudo, como se a inspiração lhe chamasse a atenção, a poeta protesta contra o que pode e não pode: comer, beber, fazer, ser. Pois que é viva, pois que está alerta e quer o mundo. E ali, há quem se identifique também. Porque a escrita que você tem em mãos, agora, é feita de um cotidiano longo, baseado em sentires muitos, em vontades e verdades. A poesia aqui contida nos ensina o quanto e por onde navegam as MULHERES, assim como RITA (a Lee), cujas características um dos poemas exalta. Porque cada letra, cada verso ou linha, salta do absinto para chegar aos nossos olhos, na ternura da maturidade da autora que vive o que quer viver e sente prazer exatamente nisso, ora aceitando, ora se rebelando, mas sempre apaixonada.
O livro merece ser recebido com os olhos fixos na XÍCARA que serve palavras de simples-viver em uma mão, enquanto com a outra, segura um punhado de musgo que reuniu “para apoiar a cabeça”, a nos entregar."
Segundos em pó, o segundo livro individual de Susan Blum, é um compilado de narrativas curtas, na forma de contos minimalistas, que abordam a solidão contemporânea durante a pandemia, em meio a instabilidade de um governo genocida, descritos com um tanto de ficção e com pitadas de um diário ou livro de registros. O livro tem fotografias da autora.
Benedito Costa Neto, o apresentador da obra, destaca algumas situações presentes nos contos:
a) Pessoas solitárias, moradoras de prédios, que veem o mundo “de cima”, tal qual a imagem descrita por Bruno Latour: “quando vemos o mundo de cima, sentimo-nos como um deus (ou Deus)”. Porém essa visão de cima nada mais é que uma ilusão, uma ilusão de ótica.
b) Monstros: reais ou imaginários, monstros que surgem como uma alusão ao medo infantil ou ao susto adulto, monstros tangíveis ou que são uma metáfora de todos os nossos medos atuais.
c) Barulhos, sussurros, sombras, sumiços, algo que se aproxima como fosse um pesadelo de perseguição.
d) A fragmentação do sujeito e das coisas do mundo, um mundo despedaçado, quase sem esperanças.
Benedito, ainda na apresentação, cita outra característica nas narrativas curtas: a proximidade que elas têm com os poemas, podendo ser prosa poética ou um poema que se pretende narrativa. Tal “conversação” pode também ser vista em autores tão díspares como Ko Un, poeta coreano conhecido pela longa trajetória de Dez mil vidas, em que narra, na forma de poemas, histórias de pessoas que foi encontrando ao longo da vida, e Anne Carson, que, talvez pelo contato com a tradução do teatro clássico, traz para os poemas uma configuração espacial que fica entre o poema, o teatro, a narrativa curta. Em Segundos em pó, o leitor vai se deparar com inúmeras possibilidades de figuração da escrita no espaço. Sempre minimalistas, haverá o conto (tradicional, se assim podemos dizer), e o texto que lembra outra distribuição no papel.
Sobre as autoras
Sonia Cardoso nasceu em Ponta Grossa, mora em Curitiba e é enfermeira aposentada pela UFPR. Colaborou em antologias e tem um romance, Allegra, editado em 2009. É autora do e-book História de Mulheres, disponível no aplicativo Kindle. É membro da Academia Virtual de Poesia Arte e Filosofia, AVIPAF, e faz parte do Coletivo Marianas.
Susan Blum é nascida em Curitiba, em 1963. Formada em Psicologia (PUC) e Letras (UFPR), com mestrado em Estudos Literários (UFPR). Publicou o livro de contos Novelos Nada Exemplares (Amplexo, 2010) e mantém o blog Novelos Nada Exemplares. Coautora nas coletâneas Então, é isso? (Araucária Cultural, 2012), Antologia de Contistas Paranaenses (Biblioteca Pública do Paraná, 2014), Tuíra (Marianas Edições, 2020 e Donizela, 2022), Quam Sacer Cruor (Hecatombe, 2021), Um frasco de vida (Assis, 2021) e Nove meandros (Donizela, 2022), entre outros livros e revistas.
Sobre os eventos
Lançamento e apresentação dos livros durante o encontro 59° Letra de Mulher, roda literária mensal do Coletivo Marianas, na Feira do Poeta (Largo da Ordem, Curitiba/PR), em 24 de setembro de 2023, das 10h às 13h.
Lançamento e conversa sobre os livros na Biblioteca Pública do Paraná, em 29 de setembro de 2023, das 18h às 20h.